sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O PACTO


As marcas do tempo transformam o belo rosto
E um mordaz sofrimento o corrói como um todo
Sentado em algum lugar perdido em sua escuridão
Tentando ao passado calar
Buscando compreensão

[Refrão]
Seu destino já escrito
Com dor e sangue por você
Muito se foi calado e dito
Pra um só a verdade saber
Você perdeu a sua alma
E hoje busca redenção
Desesperou a sua calma
E suicidou sua razão

Você tem medo do espelho
Do que pode descobrir
O céu azul se faz vermelho
Mas não quer admitir
Aquela que o fez infiel
Não mais está entre nós
Sua perdição, inferno e céu
Só lhe resta a noite veloz

[Refrão]
Seu destino já escrito
Com dor e sangue por você
Muito se foi calado e dito
Pra um só a verdade saber
Você perdeu a sua alma
E hoje busca redenção
Desesperou a sua calma
E suicidou sua razão

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

DESEJO PROIBIDO



Somos apenas como pequenos grãos de areia diante um miraculoso universo imensuravelmente maior que nossos medos, desejos, certezas... E, ainda assim, há quem se atreva julgar conhecer a verdade, ou alguma verdade, mas o que é possível haver de verdadeiro em um tudo que assim como o nada pode sequer existir? É mesmo difícil aceitar que nos apegamos tão vorazmente a apenas uma mera e ridícula verossimilhança do que o que acreditamos ser o real. Daí construímos o mundo e suas, nossas leis para depois desconstruirmos tudo novamente. O limite entre o poder e o dever é definido apenas pela intensidade de se querer o que se quer. Nada é intransponível.

Se é a vida este ciclo pulsante impulsionado pelo desejo, então, por que somos ensinados desde sempre a sermos tão cruéis com nós mesmos? Quem, sádico, criou para estigmatizar-nos a maldição da culpa? O medo só nos conduz pelo insípido caminho da covardia. Equilíbrio e segurança são duas coisas bem distintas, e ambas são quimeras.

É loucura tentar fugir de si mesmo.

Ela jamais acreditara quando lhe diziam que não se pode esconder do amor. Seu impar e seu ímpeto não lhe permitiam aceitar tal fatalidade e pensava que se estivesse longe o bastante, ele nunca a encontraria. Ela jamais acreditara. Mal sabia que o destino tende a ser implacável com quem descrê de suas peripécias.

Lá fora, os céus choravam incessantemente por todos os males da humanidade. Ainda assim, julgava-se segura, rainha de papel em sua torre de marfim, inalcançável. Reinava, absoluta, em seu vazio.

Temia enfrentar o que transcendia seu ínfimo conhecimento, sentia-se frágil diante tantas incertezas, inoculava em si a rara essência da pureza, pureza esta mais desdita do que dádiva. Era uma de suas fraquezas. E o mundo costuma ser crudelíssimo com quem não lhe compartilha a vilania.

Amava o silêncio.

Sempre que algo a inquietava, refugiava-se em seu mundo, onde nada nunca lhe era hostil. Em momentos assim, encontrava-se onde todos a supunham perdida, lugar onde ninguém mais podia entrar e só ela tinha a chave.

Viver é perigoso e a qualquer momento você pode perder sua alma e cair no alçapão do pecado, nas armadilhas do errado, nos precipícios de um olhar...

À noite, em seu quarto, não conseguia dominar seus pensamentos que insistiam em percorrer sempre por caminhos que levassem até Ele. Por vezes o rosto dele lhe vinha assombrar como um fantasma, então, em seu desespero forçava o sono, o que lhe era inútil, pois, nem em seus sonhos conseguiria salvar-se. Aquela face já estava gravada em sua retina. Isso a atormentara dias e noites, até que, por fim, o incluíra no livro da história de sua vida. Como não soubesse o nome dele, e nem precisava sabê-lo, chamou-o apenas por seu significado, “Meu Mistério”.

Desde cedo aprende-se a não desejar o que a outro pertença, concordo plenamente, quando o objeto de desejo em questão é, de fato, apenas um objeto, mas a um homem não se coisifica. O ser humano não é dono nem de si mesmo inteiramente, então, como pode julgar pertencer-lhe um outro? Sentimento algum, por mais precioso que seja, traz atrelado a si direito de posse. Ao amor não se domina, se conquista. Ainda assim ele era um homem proibido.

Sabia do perigo. Construía-se a cada olhar, palavra, gesto um sentimento tão maravilhoso quanto assustador, que a fazia conflitar com ela mesma e descobrir em si alguém que se opunha ao que sabia conhecer-se, como que quisesse usurpar seu tenro corpo e libertar-se das correntes da razão que o cerceava. Então uma terrível dúvida se fez em sua alma, seria este novo ser, tão antigo quanto sua própria essência, seu verdadeiro eu? Não tinha certeza se desejava encontrar alguma resposta.

A atração entre eles era inegável. Com o tempo até as palavras tornaram-se desnecessárias, estar na companhia um do outro era o suficiente.
Amava-o em silêncio.

Quando percebeu que não conseguiria mais negar o que sentia, cansara-se de lutar, decidiu fugir mais uma vez, e já não encontrara mais a segurança de outrora, seu mundo tornara-se restrito, já não mais a comportava. Estava imersamente confusa. Naquele dia, um lobo e suas mil faces tão gentis a cercaram como em matilha e a encurralaram. Eles eram ávidos, mas não a assustavam, ela se entregou sem resistência aos apelos de seus mais abnegados desejos.

A distância entre o céu e o inferno pode ser percorrida em um beijo, em um único segundo de amor.

Como ousam aviltar um sentimento tão puro atribuindo-lhe a mácula do pecado? Somente quem nunca amou pode ver no amor, dádiva divina, alguma maldade ou perdição. Sabia que por seu delicioso delito estava condenada por todas as leis. Naquela noite escrevera em seu diário, já sem nenhum pesar, “um lobo devorou meu coração”.

Encontraram-se algumas vezes sobressaltados, velados, perdidos. Mal podia controlar seus ímpetos, Ele despertava seus mais primitivos impulsos, a fazia sentir fome, desejar devorá-lo, guardá-lo de alguma forma irremediável dentro de si.

O tempo é um cruel algoz para os amantes e corre velozmente quando se deseja que seja eternidade. E longe, a saudade a consumia. “Quando Meu Mistério não está perto meu coração bate triste, apertado, como se sufocasse em peito com a vontade de estar com ele”.

Nos braços dele sentia-se protegida, tal qual uma menina, e, ao mesmo tempo desejada, já como mulher. Era como se o mundo inteiro se rendesse a ternura do momento, estavam fora de todos os contextos e suas imposições. Seu calor, seu cheiro, seu beijo, seu toque... Tudo nele lhe encantava.

E eis a natureza instável dos sentimentos.

Sentiu o coração dilacerando com a repentina distância, que acatou prontamente. Sabia que não poderia ser de outro modo. Ainda assim, percebia-se traída por sua própria natureza, e vivera apenas um sonho doce, como se a felicidade tivesse lhe sido tão somente emprestada por breves instantes fugazes.

Nem todas as histórias têm finais felizes, infelizmente. Algumas, simplesmente, jamais chegam ao fim, permanecem em suspense, numa espera eterna por algum desfecho
.

FLORES VERMELHAS NO TAPETE






Você grita, você chora
Corre, tenta se esconder
Bicho papão não vai embora
Mora dentro de você
Se o teu medo tem um nome
De que te vale calar
A verdade é um sorriso
Mas você não sorrirá
O destino é impreciso
E o futuro bem pior
No inferno ou paraíso
Você sempre estará só


[Refrão]
Flores vermelhas no tapete
Lágrimas não lavam seu desamor
Criança chora pelo banquete
Que a mãe vida lhe negou
Todos são fracos
Todos cegos
Ninguem luta a seu favor
Não sabe se é errado ou certo
Mas não quer ser um perdedor



É preciso ter coragem
Pra poder os olhos abrir
Seu ursinho vai ao chão
E você teme cair
Ele te prende e te intimida
É o seu superior
Ele controla a sua vida
E se faz o seu senhor
Mas você tem uma força
Dá pra ver no seu olhar
Que o passado não nos ouça
Mas você superará

[Refrão]
Flores vermelhas no tapete
Lágrimas não lavam seu desamor
Criança chora pelo banquete
Que a mãe vida lhe negou
Todos são fracos
Todos cegos
Ninguem luta a seu favor
Não sabe se é errado ou certo
Mas não quer ser um perdedor






Letra de K.T.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Caçador



O que é certo?
O que é errado?
O que é prazer?
O que é dor?
Seu destino, meu passado
O que é ser o que eu sou???


Vou trazer a sua alma
Pra minha névoa, escuridão
Vou fazer dos seus temores
Meu prazer, minha diversão
Não me importa se é correto
Se voce aceita ou não
Essa é minha vontade
Meu poder é minha razão
Esse sorriso tão fugaz
É minha forma de expressão
Pobres tolos vis mortais
Meu amor, minha maldição


[Refrão]
Não queria ser assim
Precisar isso sentir
Não queria ser assim
Quem me dera não sorrir
Não queria ser assim
Mas não posso escolher
Não queria ser assim
Quem me dera assim não ser


Uns dizem que minha vida
Fez de mim um ser cruel
Pensam decifrar meus traumas
Dizem que não vou pro céu
Mas só eu sei o que sinto
Essa fome inconstante
Me devora, me alimenta
E não cessa um instante
Ou eu mato ou me mata
Mais que triste é ser assim
Uns dizem que sou o mal
Outros que o mal está em mim


[Refrão]
Não queria ser assim
Precisar isso sentir
Não queria ser assim
Quem me dera não sorrir
Não queria ser assim
Mas não posso escolher
Não queria ser assim
Quem me dera assim não ser


Vejo nos olhos assustados
O monstro vil que sou
Indiferente é meu legado
Não passo de um caçador
Sei que meu gosto é requintado
E minha mente muito ardil
Na consciencia do culpado
De conforto um vil vazio


[Refrão]
Não queria ser assim
Precisar isso sentir
Não queria ser assim
Quem me dera não sorrir
Não queria ser assim
Mas não posso escolher
Não queria ser assim
Quem me dera assim não ser